sábado, 3 de janeiro de 2009

Crónica por Terras do Sal (Cabo Verde)


“Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.”

Fernando Pessoa

Os caboverdianos dizem que a palavra "MORABEZA" não tem tradução, nem se explica, apenas se sente.
Eu sentia-a: como é possível ser feliz com tão pouco, como é bom sentir o calor humano de um sorriso aberto (revelador de milhões de emoções), o encanto de saltar um muro, como se não existisse amanhã, como se se quisesse aproveitar ao máximo o que se pudesse, como se fossemos donos do mundo…nem que seja por momentos.