quinta-feira, 27 de março de 2008

Espaço Museológico da CP em Santarém


Durante a viagem tivemos oportunidade de apreciar os azulejos das estações de Vila Franca de Xira e da Azambuja. Em Vila Franca, os painéis decorativos de 1930 − de Jorge Colaço, também autor da decoração do átrio da estação portuense de S. Bento − representam temas regionais como touros, cavalos e campinos, a pesca tradicional no Tejo ou a produção agrícola de cereais e vinhos.
Atribuídos a Carlos Moutinho, os azulejos da estação da Azambuja (1935), ilustram temas ligados à pesca e navegação no Tejo, bem como à colheita de cereais e à vindima.
Até Vila Franca a linha do Norte passeia de mãos dadas com o rio Tejo. Os olhares dos viajantes facilmente cruzam-se com a beira-rio, atracção essa também largamente comentada por Oliveira Martins nas “Cartas Peninsulares” ao recordar as belezas da paisagem ribeirinha.
E eis que chegamos a Santarém, capital do gótico. Tendo em consideração que a cidade fica situada à cota alta enquanto a linha férrea passa junto ao Tejo, chegar até à cidade requer alguma preparação física. Sugerimos, em alternativa, a utilização do autocarro ou um dos muitos táxis que abundam na zona.
Mais um vez os azulejos da estação (1927) focam temáticas regionalistas, a que se juntam cenas agrícolas e referências à conquista do castelo aos mouros, sendo estes atribuídos a J. Oliveira.
O Espaço Museológico da CP, em Santarém, é contíguo à estação de caminhos de ferro e encontra-se instalado numa antiga cocheira de carruagens da estação, tendo sido inaugurado em 1979. O visitante pode observar carruagens e locomotivas, incluindo o famoso “Comboio Real”. Esta composição rebocada pela locomotiva “D. Luís” (fabricada em Inglaterra em 1862) é constituída pelo Salão D. Maria Pia (construído na Bélgica em 1858 e oferecido como prenda de casamento pelo pai de D. Maria, o Rei Victor Emanuel de Sabóia), pelo chamado Salão do Príncipe, e ainda, pelo Salão Presidencial (fabricado em 1930 na Alemanha). O requinte e sofisticação destes verdadeiros salões rolantes, forrados a veludo é impressionante.
Para além disso o espaço alberga diversos objectos de interesse como: utensílios utilizados na reparação e conservação da via férrea, bem como outros aparelhos instalados nas locomotivas, duas locomotivas de menor porte, a vapor, uma vinda de Guimarães e a outra das minas do Pejão.
Caso tenha curiosidade visite a localidade da Ribeira de Santarém e saiba porque é que a tradição diz que se a água um dia chegar ao pescoço da Santa Iria o Rossio, em Lisboa, já estará submerso.

Como forma de evocar os tempos gloriosos do caminho-de-ferro recomenda-se a visita às secções museológicas da CP, onde poderá ver material do século XIX ainda em funcionamento. Pode ainda consultar o site www.cp.pt ou telefonar para o call center da CP (808 208 208).

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