sexta-feira, 21 de março de 2008

Como um desejo de mar


Como um desejo de Mar
Este Verão fui visitar-te
Brinquei com as tuas ondas
Despi-me nas tuas águas
E mergulhei em ti, muito de mansinho
Sem preconceitos
Ofereci-te um sorriso largo e terno,
À medida da tua imensidão e desejo

Após deslizar nas tuas águas
Deixaste-me pôr o pé em terra firme
E tu, a illha, tão virgem e tão pueril,
Vestiste-te de festa para receber-nos
Enlouqueceste-me de prazer
Revelei-te os meus segredos
Mesmo aqueles que são só meus e teus
Ouviste as minhas inconfidências

Depois a maré trouxe uma sereia
Com uma barbatana cor do céu
Boca de morango escarlate
Corpo franzino e saltitante
O teu nome só podia ser Eva
Porque em ti, há de tudo um pouco
Do muito que há em todas as mulheres

Dum búzio quechua surge o Aladino
Enigma que se perde no tempo
Personagem algures entre o exótico e o surreal
Partilhaste a tua sapiência
Revelas-te a tua aura de simplicidades
Aqui e agora chamarte-ei Adão

E no fim, ó pescador, embrenhei-me na tua maresia
Fizeste-me sentir um turpor de felicidade
Um eloquente maremoto
Que o momento tão brevemente não esquecerei
Porque o teu cheiro
E o teu sabor
Enrolou-se nas ondas do meu pensamento.

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